Localizada em Coronel José Dias, no coração do Piauí, a Cerâmica Serra da Capivara é mais que uma fábrica de peças utilitárias e decorativas. Há 31 anos, o empreendimento transformou a herança cultural do Parque Nacional Serra da Capivara em produtos únicos que conquistaram espaço em grandes centros consumidores do Brasil. Hoje, nomes como Tok&Stok e o Museu de Arte de São Paulo (Masp) estão entre os principais clientes.

De acordo com o diretor da fábrica, Marcos Oliveira, a parceria com a Tok&Stok é sólida e garante um fluxo mensal de fornecimento. Já o Masp realiza aquisições a cada dois meses, de acordo com a demanda. Para ele, esses canais comerciais reforçam a visibilidade nacional da cerâmica e ampliam a valorização da cultura piauiense.

“É muito gratificante trabalhar com cerâmica e saber que nosso trabalho é reconhecido em todo o Brasil. Não só produzimos cerâmica, mas agregamos valor a ela ao incorporar a arte rupestre da Serra da Capivara. Estamos ajudando a divulgar o parque e nossa cultura através das peças”, destaca Oliveira.

 

Produção artesanal e impacto social

A fábrica produz cerca de 10 mil peças por mês, entre pratos, copos, travessas e objetos decorativos inspirados nas figuras rupestres do parque. Ao todo, 62 pessoas trabalham diretamente na cerâmica, incluindo 41 artesãos, além de colaboradores responsáveis por loja, escritório e setor de embalagem. Além de gerar uma rede de empregos indiretos principalmente através do turismo, que beneficia pousadas, restaurantes e outros serviços locais, além de incentivar a economia por meio da cadeia produtiva (com fornecimento de matéria-prima). O impacto econômico e social é visível na região, que encontra no artesanato uma importante fonte de renda e desenvolvimento.

Foto: Francisco Gilásio

Todo o processo de produção segue métodos tradicionais: desde a preparação da argila, que passa por decantação, secagem e limpeza, até a modelagem em torno, placas ou moldes. Depois da primeira queima, as peças recebem esmaltação com minérios naturais, são pintadas com os traços característicos da arte rupestre e retornam ao forno, onde atingem 1.240 °C, adquirindo resistência, cor e brilho.


Legado e futuro

A Cerâmica Serra da Capivara também carrega a memória de figuras essenciais para sua história, como a administradora Girleide Oliveira e a arqueóloga Niède Guidon, que contribuíram para consolidar a identidade cultural do empreendimento. Mesmo após essas perdas, a equipe segue unida no propósito de fortalecer a presença da cerâmica no mercado nacional.

Mais do que peças de decoração ou utensílios, a produção simboliza um elo entre o passado e o presente, mostrando como o artesanato pode se transformar em vetor de desenvolvimento local, ao mesmo tempo em que preserva e divulga a riqueza cultural do Piauí para o Brasil.